Desaceleração e Dependência das Exportações
No terceiro trimestre, a economia da China mostrou um crescimento de 4,8% em comparação ao mesmo período do ano anterior, o que, embora esteja alinhado com as expectativas do mercado, é o ritmo mais fraco registrado em um ano. Essa desaceleração ocorre em um cenário de demanda doméstica fragilizada, levando o país a depender cada vez mais de suas exportações. Esse fato gera preocupações acerca de desequilíbrios estruturais que podem se aprofundar ainda mais.
Ainda que a taxa de crescimento se mantenha próxima à meta oficial de cerca de 5% para este ano, a crescente dependência da economia em relação ao mercado externo pode representar um risco, especialmente em um momento em que as tensões comerciais com os Estados Unidos se intensificam. Especialistas apontam que isso levanta dúvidas sobre a sustentabilidade desse crescimento.
Nos próximos dias, a China poderá utilizar a resiliência no crescimento econômico como uma ferramenta estratégica nas negociações entre seu vice-premiê, He Lifeng, e o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, na Malásia, além de uma possível reunião entre os presidentes Donald Trump e Xi Jinping, agendada para ocorrer na Coreia do Sul.
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Desafios para Exportadores e Concorrência Intensa
Jeremy Fang, diretor de vendas de uma fabricante chinesa de alumínio, relatou que sua empresa enfrentou uma queda de 20% na receita, uma vez que o aumento das vendas para regiões como América Latina, África, Sudeste Asiático, Turquia e Oriente Médio não foi suficiente para compensar a drástica redução de 80% a 90% nos pedidos provenientes dos Estados Unidos.
Para se adaptar a essa nova realidade, Fang começou a aprender espanhol, já que muitos concorrentes chineses estão em busca de alternativas fora do mercado americano. Ele também intensificou suas viagens internacionais, realizando duas vezes mais viagens que no ano anterior. No entanto, mesmo esse esforço adicional parece ser insuficiente.
“Precisamos ser implacavelmente competitivos em termos de preço. Se seu preço for US$ 100 e o cliente começar a pechinchar, é melhor ceder e baixar para US$ 90 ou US$ 80 e garantir a venda. Hesitar não é uma opção,” afirmou Fang, descrevendo a pressão competitiva no setor.
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A feroz concorrência entre os exportadores chineses tem contribuído ainda mais para a fragilidade da economia interna, com muitas empresas sendo forçadas a reduzir salários ou até demitir funcionários para se manterem competitivas.
Produção Industrial vs. Varejo
Embora a produção industrial tenha se elevado 6,5% em setembro em relação ao ano anterior, atingindo níveis recordes e superando expectativas, as vendas no varejo apresentaram uma desaceleração alarmante, caindo para apenas 3%, a menor taxa registrada em dez meses. Este cenário reflete um impacto direto no consumo, já que os dados também indicam que os preços das casas novas estão caindo na maior velocidade em 11 meses, o que pode sinalizar problemas adicionais no mercado imobiliário.
O investimento no setor imobiliário, por sua vez, sofreu uma queda alarmante de 13,9% nos primeiros três trimestres do ano, em comparação ao mesmo período de 2022. Essa retração é um indicativo claro das dificuldades enfrentadas pelos consumidores e pelo mercado.
Perspectivas Futuras e Necessidade de Ação
Julian Evans-Pritchard, analista da Capital Economics, destacou que “o crescimento da economia chinesa está se tornando cada vez mais dependente das exportações, tentando compensar a desaceleração da demanda interna.” Ele acrescentou que esse modelo de desenvolvimento não é sustentável a longo prazo, o que gera preocupações sobre a possibilidade de uma desaceleração ainda mais acentuada no futuro. Para evitar isso, “as autoridades precisam implementar medidas proativas para estimular os gastos dos consumidores,” concluiu Evans-Pritchard.