Estabilidade e Desafios da Economia Chinesa
A economia da China apresenta uma estabilidade notável, impulsionada por exportações robustas e investimentos contínuos em novas fábricas, especialmente em um cenário de queda nas vendas do varejo e erosão no mercado imobiliário. De acordo com dados do Departamento Nacional de Estatísticas da China, a economia cresceu 1,1% no terceiro trimestre de 2023 em comparação com o trimestre anterior, mantendo o mesmo ritmo do período anterior. Se essa tendência persistir, a expectativa é de que a economia se expanda cerca de 4,1% nos próximos 12 meses.
Nos últimos quatro anos, a abrupta queda do mercado imobiliário afetou profundamente as economias familiares chinesas, resultando em uma diminuição dos gastos. Em resposta, o governo central implementou subsídios para incentivar compras de smartphones, carros elétricos e eletrodomésticos, todos fabricados predominantemente na China. No entanto, muitos governos locais, que compartilham os custos dessas iniciativas, começaram a diminuir seus investimentos nesses programas.
Impactos no Setor Imobiliário e Vendas no Varejo
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Os preços dos apartamentos sofreram uma queda de até 40% em várias cidades em relação ao auge observado no verão de 2021, representando um duro golpe para incorporadoras e construtoras. O setor imobiliário e de construção, que antes correspondia a um quarto da economia chinesa, continua em declínio, impactando diretamente o consumo no varejo.
As vendas de bens de consumo registraram um crescimento de apenas 3% em setembro de 2023 em comparação ao mesmo mês do ano anterior, refletindo o menor aumento desde novembro de 2022. Embora a fraqueza no varejo tenha sido compensada em parte pelos investimentos em novas fábricas, o governo expressa preocupação com a capacidade de produção excessiva e a intensificação da competição no setor manufatureiro.
Avanços nas Exportações e Superávit Comercial
O impulso nas exportações e a implementação de políticas que incentivam a substituição de importações por produtos fabricados localmente têm contribuído para o crescimento econômico. O superávit comercial da China aumentou 12,4% nos últimos três meses em comparação ao mesmo período do ano anterior, e está a caminho de ultrapassar a marca de US$ 1 trilhão este ano, estabelecendo um novo recorde.
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Fonte: edemossoro.com.br
Embora as exportações para os Estados Unidos tenham diminuído devido a tarifas impostas anteriormente pelo presidente Donald Trump, as vendas para países em desenvolvimento tiveram um crescimento significativo. Algumas dessas exportações estão sendo utilizadas para construir fábricas e instalações de energia solar em mercados emergentes, enquanto outras ajudam a ganhar participação de mercado em empresas locais.
Expectativas Econômicas e Medidas Futuras
Os dados de crescimento divulgados pelo Departamento Nacional de Estatísticas superaram ligeiramente as expectativas de economistas. O departamento revisou para baixo sua estimativa de crescimento para o trimestre anterior, indicando que a produção econômica foi 1% maior na primavera do que na temporada anterior, não 1,1% como inicialmente relatado.
Em um comunicado otimista, o departamento destacou a resiliência da economia nacional no terceiro trimestre, afirmando que ela cresceu 4,8% em relação ao mesmo período do ano anterior. No entanto, alguns analistas expressaram dúvidas sobre a precisão desses dados, questionando se eles realmente representam a performance da economia.
A divulgação dos dados ocorreu sem a tradicional coletiva de imprensa, coincidindo com a abertura da reunião anual do Comitê Central do Partido Comunista Chinês, que revisará o plano econômico do país para 2026 a 2030. Medidas específicas para enfrentar a fraqueza econômica devem emergir nas próximas semanas.
Economistas esperam que o governo chinês anuncie incentivos para aumentar o consumo familiar, como o aumento das pensões para idosos rurais, que atualmente são de apenas US$ 20 por mês. “O impacto da queda no mercado imobiliário sobre as vendas no varejo é significativo, mas novas medidas de estímulo ao consumo devem ser esperadas”, analisa Xu Sitao, economista-chefe da Deloitte na China.
Por outro lado, alguns especialistas acreditam que as autoridades continuarão a enfatizar investimentos em infraestrutura, como ferrovias e rodovias, áreas onde o governo central possui maior capacidade de financiamento. A situação das finanças locais, agravada pela queda na venda de terrenos, limita a atuação desses governos em projetos de grande escala. “Para os governos locais, a prioridade agora é a manutenção, enquanto a construção é responsabilidade do governo central”, conclui Dan Wang, economista do Eurasia Group.