Diretrizes que Podem Transformar a economia global
Nesta semana, os principais líderes da China se reúnem em Pequim para traçar as metas e prioridades do país para o restante da década. As decisões deliberadas na Plenária do Comitê Central do Partido Comunista Chinês estabelecerão as bases para o próximo plano quinquenal, que guiará a segunda maior economia do mundo entre 2026 e 2030.
Embora o plano completo só deva ser divulgado no próximo ano, as autoridades têm a expectativa de antecipar algumas diretrizes na próxima quarta-feira (22/10). Especialistas destacam que o modelo de planejamento da China, que se fundamenta em ciclos e não em eleições, tende a resultar em decisões que têm repercussões globais significativas.
“Os planos quinquenais definem as metas que a China almeja alcançar, direcionam a liderança sobre o caminho a seguir e mobilizam os recursos estatais para cumprir esses objetivos previamente estabelecidos”, explicou Neil Thomas, pesquisador de política chinesa no Instituto de Políticas da Sociedade Asiática. Ao olhar para o evento, pode parecer apenas mais uma reunião burocrática, mas a história revela que as decisões tomadas têm impactos profundos, alterando a economia global e as relações entre nações.
Momentos Cruciais na Transformação Econômica da China
Leia também: Alemanha Inaugura Supercomputador e Convoca Europa na Corrida da IA
Fonte: olhardanoticia.com.br
Leia também: Governo de Minas Inicia Construção de Ponte Sobre o Rio Paranaíba e Rio Casca
Fonte: soudebh.com.br
Três períodos específicos demonstram como os planos quinquenais da China influenciaram a economia mundial nos últimos quatro décadas.
1981-84: O Início da ‘Reforma e Abertura’
Embora seja difícil identificar um único marco na trajetória da China rumo à potência econômica, muitos no Partido Comunista acreditam que a mudança começou em 18 de dezembro de 1978. Durante quase 30 anos, a economia chinesa foi rigidamente controlada pelo Estado, mas após várias décadas de políticas falhas, a necessidade de transformação se tornou evidente.
O país estava se recuperando dos impactos devastadores do governo de Mao Tsé-Tung, que resultaram em campanhas como o Grande Salto para Frente e a Revolução Cultural, que causaram a morte de milhões. Ao discursar na Terceira Plenária do 11º Comitê, Deng Xiaoping fez um apelo à adoção de elementos da economia de mercado, que se tornaria central no plano quinquenal de 1981.
Leia também: Política Cripto: Fortuna de Trump Ultrapassa US$ 1 Bilhão em 2024
Fonte: acreverdade.com.br
Leia também: Economistas Revelam Segredos do Crescimento Econômico e Recebem Prêmio Nobel de Economia
Fonte: cidaderecife.com.br
A criação de zonas econômicas especiais que atraíram investimentos estrangeiros revolucionou a vida dos chineses. Para Neil Thomas, os objetivos daquele plano foram cumpridos de maneira notável. “A China de hoje superou os sonhos mais ousados de quem viveu nos anos 1970, restaurando o orgulho nacional e consolidando seu status entre as potências globais”, afirmou.
2011-15: Foco em ‘Indústrias Estratégicas Emergentes’
Com a entrada da China na Organização Mundial do Comércio (OMC) em 2001, seu status como “fábrica do mundo” foi solidificado. Contudo, o Partido Comunista já se preparava para o próximo passo, visando evitar a chamada “armadilha da renda média”. Para isso, o país investiu em indústrias estratégicas emergentes, um termo que ganhou destaque em 2010, com foco em tecnologias verdes, como veículos elétricos e energia solar.
A crescente preocupação com a mudança climática na esfera política ocidental coincidiu com um impulso sem precedentes da China para impulsionar esses novos setores. Hoje, o país é líder global em energias renováveis e veículos elétricos, além de controlar a maior parte do fornecimento de terras raras essenciais para a produção de chips e desenvolvimento de inteligência artificial. Essa dependência mundial confere à China um poder significativo, como evidenciado pela recente decisão de restringir a exportação de terras raras, gerando acusações de tentar “manter o mundo como refém” por parte de Donald Trump.
2021-2025: Direcionamento para ‘Desenvolvimento de Alta Qualidade’
Nos planos quinquenais mais recentes, a China priorizou o conceito de “desenvolvimento de alta qualidade”, introduzido formalmente por Xi Jinping em 2017, com o intuito de desafiar a supremacia tecnológica dos Estados Unidos. Sucessos domésticos como TikTok, a gigante Huawei e inovações em inteligência artificial demonstram o avanço do país. Contudo, esse progresso é visto com desconfiança por nações ocidentais, que consideram a China uma ameaça à segurança nacional.
Com as proibições que limitam o acesso a tecnologias chinesas, como os semicondutores da Nvidia, o “desenvolvimento de alta qualidade” pode evoluir para um foco em “novas forças produtivas de qualidade”, conforme introduzido por Xi em 2023. Esse novo enfoque visa assegurar que a China se torne autossuficiente em tecnologia e produção, minimizando sua dependência da tecnologia ocidental e evitando embargos.
O impacto dessas decisões e diretrizes ainda está por ser totalmente avaliado, mas o que é certo é que o próximo plano quinquenal pode representar uma virada na economia global e nas relações comerciais internacionais.


