Entenda o Esquema de Desvio de Verbas Culturais
Recentes operações desencadeadas pela Polícia Federal resultaram na prisão de dois presidentes de entidades culturais e uma assessora parlamentar no Maranhão. Eles são suspeitos de gerir um esquema de lavagem de dinheiro e desvio de recursos de emendas parlamentares destinadas à cultura. Segundo informações, os recursos, que totalizam mais de R$ 2 milhões, eram direcionados a institutos culturais, mas muitos projetos nunca foram efetivamente realizados.
Os documentos acessados pelo g1 elucidarão o funcionamento do esquema. Ao que tudo indica, os valores eram sacados e redistribuídos entre os envolvidos, sendo que uma parcela considerável retornava para os parlamentares. Os envolvidos no esquema incluíam Maria José de Lima Soares, presidente do Boi de Maracanã, e Ivan Jorge da Piedade Madeira, presidente da Companhia de Cultura Popular Catarina Mina, além da assessora Larissa Rezende Santos, que, segundo a Polícia Federal, esteve diretamente ligada ao processo.
Prisão e Apreensões em Operação Policial
Na sexta-feira (17), os três foram detidos após realizar o saque de R$ 500 mil, que deveria ser utilizado na execução de projetos sociais por entidades culturais. Durante a operação, a Polícia Federal apreendeu quatro celulares, diversos documentos, um pendrive e uma pasta com informações relevantes. No total, foram confiscados R$ 500 mil, sendo R$ 419.350,00 em dinheiro vivo, que estava em posse de Larissa Rezende. A quantia foi distribuída entre os três envolvidos, evidenciando a complexidade do esquema.
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Como os Recursos Eram Manipulados
O montante desviado tinha uma distribuição específica: 5% era destinado ao pagamento de tributos, enquanto 10% correspondia à comissão do representante da instituição beneficiada. Outros 5% eram destinados à produtora que emitia as notas fiscais. Este fluxo financeiro revela o planejamento metódico dos envolvidos para ocultar a origem dos recursos, dificultando assim o trabalho dos investigadores.
O evento que estava previsto para celebrar o Dia das Crianças, e cujo financiamento foi desviado, exemplifica a falta de execução dos projetos que deveriam beneficiar a comunidade cultural local.
Depoimentos e Envolvimentos Diretos
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Durante os depoimentos à Polícia Federal, Maria José de Lima Soares relatou ter conhecido Larissa Rezende no gabinete do ex-deputado estadual Stênio Rezende, marido da deputada Andreia Rezende (PSB). Em suas declarações, ela afirmou ter repassado R$ 1,2 milhão para Larissa, destacando que os valores provinham de emendas parlamentares, com o ex-deputado sendo mencionado como um dos responsáveis pela alocação desses recursos.
A presidente do Boi de Maracanã revelou que, frequentemente, a maior parte dos recursos era destinada aos gabinetes dos deputados, que decidiam a aplicação dos fundos. Este aspecto evidência a interconexão entre a política e a cultura no estado, onde as emendas parlamentares deveriam servir ao bem-estar social e cultural, mas, ao contrário, estavam sendo manipuladas.
Posicionamentos e Defesas dos Envolvidos
A defesa de Ivan Madeira destacou seu histórico como um dos grandes fomentadores da cultura no Maranhão, ressaltando sua contribuição em projetos sociais ao longo de quase três décadas. Por outro lado, a defesa de Larissa Rezende ressaltou que ela é ré primária, com histórico de ações éticas e respeito à legislação, afirmando que qualquer conclusão precipitada poderia causar danos irreparáveis à sua imagem.
Maria José de Lima Soares também defendeu sua atuação na área cultural, enfatizando que sempre trabalhou com responsabilidade e prestou contas de suas ações. Ela declarou que as acusações de lavagem de dinheiro não refletem sua dedicação à herança cultural do Bumba Meu Boi de Maracanã.
As declarações de alguns deputados citados nos depoimentos indicam que eles não têm conhecimento sobre os desvios e repudiam qualquer prática irregular. A deputada Helena Duailibe, por exemplo, expressou surpresa com a situação e negou qualquer vínculo com os envolvidos. Já a deputada Cláudia Coutinho se posicionou afirmando que não está sob investigação, e sua inclusão na documentação é meramente circunstancial.
Conclusão e Impacto na Cultura Maranhense
Este caso levanta questões importantes sobre a transparência e a gestão de recursos públicos voltados para a cultura no Maranhão. As investigações continuam, e a sociedade aguarda esclarecimentos sobre as práticas ilícitas que podem ter comprometido o desenvolvimento cultural local. Especialistas observam que a confiança nas instituições culturais pode ser prejudicada se não houver uma mudança significativa na forma como os recursos são administrados e fiscalizados.