Exploração da Vida e Legado de Vladmir Herzog
O jornalista Vladimir Herzog, cujos 50 anos de legado foram marcados por tragédias durante a ditadura militar brasileira, é o foco de dois documentários lançados em outubro. Ambos os filmes buscam recontar sua história e as circunstâncias de sua morte, ocorrida em 1975, sob um regime que silenciou vozes críticas.
O primeiro documentário, intitulado “A Vida de Vlado – 50 anos do caso Herzog”, é uma produção da TV cultura, onde Herzog atuava como diretor na época de sua morte. Este projeto, que conta com o respaldo do Instituto Vladimir Herzog, estreou na Mostra Internacional de Cinema de São Paulo. Sob a direção de Simão Scholz, o filme é narrado pelo jornalista Chico Pinheiro e traz à tona relatos e arquivos inéditos sobre a vida de Herzog.
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A diretora de jornalismo da TV Cultura, Marília Assef, comenta sobre a riqueza de conteúdo do documentário. “O filme inclui slides que Vlado havia tirado para um projeto sobre Canudos, os quais foram recuperados pelo Instituto. Todo esse acervo também faz parte do documentário, além do vasto material que a TV Cultura possui”, explica Assef, ressaltando a importância dos arquivos na construção da narrativa.
Revelando a Realidade da Ditadura
O segundo documentário, “Herzog – O Crime que Abalou a Ditadura”, criado pelo Instituto Conhecimento Liberta, aborda o crime que resultou na morte de Vlado. Márcia Cunha, diretora-executiva de conteúdo do Instituto, esclarece que a produção foca no período crítico entre a semana anterior e a posterior ao assassinato, evidenciando as ações brutais da ditadura.
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“Escolhemos esse recorte específico para mostrar a verdadeira face da ditadura e suas estratégias, algumas das quais ainda são utilizadas atualmente. Por exemplo, existia uma espécie de ‘gabinete do ódio’”, revela Cunha. A produção se deparou com a dificuldade de encontrar imagens que documentassem os eventos narrados, levando os criadores a inovar com o uso de histórias em quadrinhos para ilustrar os acontecimentos.
Inovação e Testemunhos no Cinema
O diretor e roteirista Antônio Farinaci fala sobre a abordagem diferenciada do documentário: “Trabalhamos com relatos e depoimentos que narram como foram alguns episódios, recriando situações que não possuem registro em vídeo.” Este método busca transmitir a gravidade das circunstâncias que cercavam a repressão política da época.
Além disso, o filme conta com entrevistas de importantes jornalistas, como Dilea Frate, Paulo Markun, Rose Nogueira e Sérgio Gomes, além de Ivo Herzog, filho de Vlado, e o cineasta João Batista de Andrade. Estes testemunhos enriquecem a narrativa e tornam a memória de Vladimir Herzog ainda mais viva e relevante.
Ambas as produções não apenas relembram a história de Herzog, mas também ressuscitam discussões sobre a liberdade de expressão e os direitos humanos no Brasil. À medida que o país enfrenta novos desafios relacionados à censura e à repressão, a obra de Vlado se torna um símbolo de resistência e perseverança contra a opressão.


